Ano 2000. A exposição Brasil + 500 Anos foi fascinante. Ocupou 3 prédios, no parque do Ibirapuera (Bienal, Oca e Manoel da Nóbrega). Em cada prédio, havia várias exposições diferentes. Uma grande quantidade de curadores, cada um visceralmente encantado com seus temas. Pude entrevistar todos eles! Fiz um cd para cada prédio. Cem mil pessoas usaram o Áudio-Guia.
A entrevista com a antropóloga Lucia Hussak van Velthen foi muito marcante. Ela organizou a mostra sobre a arte dos índios Wayana, no terceiro andar do prédio da Oca. No seu texto do catálogo ela escreveu sobre a questão: o que os índios fazem é arte ou artesanato?
Entre os Wayana não existe a palavra arte. Mas existe "Imaqhê", que para eles significa "aquilo que é bom para mim e me faz sentir verdadeiramente eu mesmo". Os objetos "Imaqhê" são aqueles criados (e enfeitados) pelos índios para serem levados nos momentos de encontro com os espíritos, para comprovar que quem os portava eram humanos (faixa 6 abaixo).
Todas as exposições eram surpreendentes. Pintores que no Sec XIX vieram pintar o Brasil mas não econtravam o tom do verde de suas florestas, a pré-história do Brasil com vasos lindos e finíssimos que usavam uma espécie de esponja para dar solidez ao barro, a qualidade e estética dos bordados que cangaceiros faziam em suas roupas, enfim, nossa história, nossa arte, nossas misturas de povos. Desde as obras fundamentais da arte brasileira, até vitrines com penas de tucanos jovens.
A composição da trilha sonora original foi uma viagem à parte. Para as exposições que abordavam as influências da arte européia, utilizei a introdução da canção Dora, de Dorival Caymmi, num arranjo reproduzido por Proveta nos sopros e Marcos Suzano na percussão. Nas exposições sobre arte negra, convidei Naná Vasconcelos e Ná Ozzeti para gravar durante uma tarde no meu estúdio (Ná e Naná...). Tuco Marcondes tocou os violões.
E, fora tudo isso, trabalhar durante meses no parque do Ibirapuera, um dos lugares mais lindos de São Paulo. Outra chance dessas só daqui a 500 anos...
Faixas em destaque:
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Entrevista com Luciano Migliaccio, curador da exposição.
André Prous, curador, comenta.
Emanuel Araújo, curador, comenta.