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Anos 90: O Foguete Decolou

(Hélio Ziskind )

91
o foguete decolou
Raí desencantou
São Paulo campeão paulista e brasileiro

92
o foguete disparou
o coração dos tricolores

final da Libertadores
no Morumbi

dia 17 de Junho
frio cortante na capital paulista

como um tsunami
foi chegando a massa tricolor

105 mil rodaram as catracas
15 mil ficaram de fora
espremendo o estádio

São Paulo e Newell's Old Boys
um time de Argentina

tensão
do começo ao fim

no último lance
no pênalti final
Zetti pulou e pegou!
êô êô

do fundo do coração
um grito de campeão
se libertou

uma multidão ensandecida
pulando de alegria
com o time nos braços
comemorou

tri un fal
tri co lor

Zetti, Cafú, Antonio Carlos, Ronaldão,
Ivan, Pintado, Adilson, Elivelton, Raí,
Müller, Macedo, Palhinha e Telê!

São Paulo!

libertadores
a nossa taça almejada

no alto da cordilheira
nossa bandeira
cravada

São Paulo
respira fundo

mais alto
só no topo
do mundo

dezembro
lá vai o tricolor
26 horas no avião

boa noite Brasil
bom dia Japão

. . .

teguedegue déim déim
déim déim déim
teguedegue déim déim

13 de dezembro de 92
estádio Nacional de Tóquio, né!

lá... meio dia,
aqui... uma da manhã

em campo
frente a frente

o melhor da Europa
e o melhor da América do Sul

São Paulo e Barcelona
vermelho preto e branco
contra vermelho e azul

o melhor do mundo
quem será?
quem vencerá?

de bandeira e de pijama
a torcida acordou

bola na grama
o juiz apitou

kudassai! boa sorte!
gritavam os japoneses
lá e aqui
lá e aqui

todos viram
o gol do Barcelona
Raí de barriga empatar

e aquela a falta no Palhinha
(que besteira que o Barça foi fazer...)

perto da área, na direita,
perfeita
pro Raí bater

jogada ensaiada
Raí rolava a bola pra Cafu que devolvia
com a bola rolando Raí batia

o vai e volta distraía o goleiro
por 1 segundo

como se o chute
fosse um velho conhecido
Raí bateu

a bola fez a curva
entrou na gaveta
o goleiro nem se mexeu

Raí virou o jogo
correu até o banco
e deu aquele abraço no Telê

ao mestre
com carinho

Telê
sorriu

campeões do mundo!...

primeira estrela vermelha
no céu do Morumbi

foi aquele jogo
que teve aquela falta
e aquele abraço do Raí

92
que ano de sonho!

93...
não sei se eu sonhei ou se eu alucinei
mas eu escutei

John Lennon cantando com o Paul
"...parece que no caso do São Paulo
o sonho ainda não acabou..."

maio no Morumbi
segunda Libertadores
sabe quanto foi?

Universidad Católica do Chile 1
São Paulo 5
pá pá pá pá pá

foi a maior goleada em final da Libertadores!
a primeira vez em 30 anos que um time brasileiro foi bicampeão

a maior atuação do escrete tricolor sob a regência do mestre Telê
teve um ataque do Chile com 4 defesas seguidas do Zetti

pá pá pá pá
e a bola não entrou

o treinador chileno
declarou

o São Paulo é um time de mestres
uma equipe iluminada

adrenalina pura, meu
que loucura
o sonho não pára

12 dezembro de 93
ôôô

160 países
vendo pela TV

SP e Milan
final do Mundial
que jogo!
que jogo!

3 a 2!
vencemos sem Raí

o veterano Toninho Cerezo
menino no meio campo
foi um motor

Müller endiabrado
fez o gol da vitória
e um solo de tenor:

- questo gol é per te, buffone!

o zagueiro Costacurta,
com a mão na cabeça...
não acreditou!...

São Paulo
bicampeão do mundo!

duas estrelas vermelhas
na camisa tricolor.

Rogério Ceni
no banco de reservas
via tudo aquilo acontecer

imaginou
um dia...

essa alegria vai voltar
comigo no gol

94
Conmebol

98
campeão paulista!

Zetti
passa a bola
pras mãos de Rogério Ceni



vozes, piano, piano elétrico (sampler) e sintetizador: Hélio Ziskind / bateria e percussão: Guilherme Kastrup / sax soprano, alto e clarinete: Nailor Proveta / sax barítono e flauta: Ubaldo Versolato / Trompete: Rubinho Antunes / Trombone: Sidnei Borgani / teclado e órgão: Marcelo Jeneci / baixo: Régis Damasceno / programação: Márcio Nigro / arranjo de base: Hélio Ziskind / arranjo sopros: Nailor Proveta.


 

 
créditos